O calendário diz que o Carnaval já acabou, mas sabemos que, na vida real, só termina no próximo domingo. Outro dia fui ver um desses coretos do Rio, onde havia um grupo de lindas garotas, sorriso perfeito, corpos sarados, cabelos e unhas impecáveis. Eram super organizadas, minúsculas fantasias iguais, coreografia muito bem ensaiada e para lá de sensual. E ainda tinham samba no pé! O povo parou para ver, porque era literalmente um “espetáculo”, os homens babavam, as mulheres olhavam com ódio, talvez inveja...
Isso me fez pensar no quanto nós, mulheres, somos por natureza guerreiras. Nos dividimos diariamente em três jornadas e buscamos a perfeição em cada uma delas.
Na jornada profissional, incansáveis em provar a cada dia que somos mais que um rostinho bonito, nos afogamos em meio a funcionários e chefes estressados, projetos e planejamentos, cursos e especializações, esperançosas de ganhar algum dia, ao final do mês, o mesmo salário de um homem que ocupe o mesmo cargo.
Na jornada do lar, somos super-mulheres, conciliando marido, filhos, casa, empregada, para que tudo saia perfeito, sempre. Buscamos multiplicar o tempo para ir ao colégio das crianças, à reunião de pais, ao supermercado, ao banco e ao cabeleireiro, porque afinal, mulher descabelada e de unhas roídas, nenhum marido merece.
Na de desenvolvimento pessoal, lemos livros de auto-ajuda, praticamos meditação, Yoga, Pilates, Reiki, Cromoterapia, Aromaterapia e mais uma série de outras terapias alternativas que nos levem ao equilíbrio emocional e espiritual.
Pode ser que algumas de nós ainda se lembre, vez ou outra, quem sabe até agradecidas, de nossas antepassadas, que tendo sido ainda mais guerreiras, lutaram contra a opressão do espartilho, a tirania do casamento arranjado, o veto à educação e à leitura, e pelo direito de sustentar uma opinião...
O futuro finalmente chegou, e com ele a pílula, a camisinha, a Internet... E a mulher se vê finalmente dona do seu próprio nariz, conquistando seu espaço ao lado dos homens, agora companheiros de direitos e deveres.
E nada mais justo que buscar um lugar ao sol. Já encaminhada, ou até vencedora, em seus três papéis principais, tudo que ansiamos é por uns dias de descanso, tirar férias de tudo isso e, ao menos por poucos dias termos um tempo só para nós.
Então chega o Carnaval, época de folia, alegrias e cores. E nós, sabedoras de nossa inteligência e de nossa beleza também (por que não?), de nossa independência do sexo oposto, nos rendemos aos apelos do Carnaval.
E, para isso, para que tudo saia perfeito, treinamos exaustivamente o samba no pé, o rebolado mais gingado, o sorriso mais encantador. E passamos um mês inteiro comendo alface, após dois meses de exercícios puxados na academia, para finalmente alcançarmos o almejado posto de rainhas e termos todos os olhares voltados para nós. E eu me pergunto se é sem perceber que somos coroadas rainhas. Rainhas de Dionísio, bacantes pós-modernas.
Talvez sem nos darmos conta, estamos voltando no tempo e nos moldando mais uma vez ao papel há muito esperado por nós por aqueles dominadores do passado (passado?). Já que, enquanto nos consideramos as “caçadoras”, as dominadoras, continuamos sendo, como nossas antepassadas, um mero objeto do desejo e do prazer masculino, mesmo que indiretamente, já que são os gostos deles que ditam as regras.
Mas, quem vai entender as mulheres?
Isso me fez pensar no quanto nós, mulheres, somos por natureza guerreiras. Nos dividimos diariamente em três jornadas e buscamos a perfeição em cada uma delas.
Na jornada profissional, incansáveis em provar a cada dia que somos mais que um rostinho bonito, nos afogamos em meio a funcionários e chefes estressados, projetos e planejamentos, cursos e especializações, esperançosas de ganhar algum dia, ao final do mês, o mesmo salário de um homem que ocupe o mesmo cargo.
Na jornada do lar, somos super-mulheres, conciliando marido, filhos, casa, empregada, para que tudo saia perfeito, sempre. Buscamos multiplicar o tempo para ir ao colégio das crianças, à reunião de pais, ao supermercado, ao banco e ao cabeleireiro, porque afinal, mulher descabelada e de unhas roídas, nenhum marido merece.
Na de desenvolvimento pessoal, lemos livros de auto-ajuda, praticamos meditação, Yoga, Pilates, Reiki, Cromoterapia, Aromaterapia e mais uma série de outras terapias alternativas que nos levem ao equilíbrio emocional e espiritual.
Pode ser que algumas de nós ainda se lembre, vez ou outra, quem sabe até agradecidas, de nossas antepassadas, que tendo sido ainda mais guerreiras, lutaram contra a opressão do espartilho, a tirania do casamento arranjado, o veto à educação e à leitura, e pelo direito de sustentar uma opinião...
O futuro finalmente chegou, e com ele a pílula, a camisinha, a Internet... E a mulher se vê finalmente dona do seu próprio nariz, conquistando seu espaço ao lado dos homens, agora companheiros de direitos e deveres.
E nada mais justo que buscar um lugar ao sol. Já encaminhada, ou até vencedora, em seus três papéis principais, tudo que ansiamos é por uns dias de descanso, tirar férias de tudo isso e, ao menos por poucos dias termos um tempo só para nós.
Então chega o Carnaval, época de folia, alegrias e cores. E nós, sabedoras de nossa inteligência e de nossa beleza também (por que não?), de nossa independência do sexo oposto, nos rendemos aos apelos do Carnaval.
E, para isso, para que tudo saia perfeito, treinamos exaustivamente o samba no pé, o rebolado mais gingado, o sorriso mais encantador. E passamos um mês inteiro comendo alface, após dois meses de exercícios puxados na academia, para finalmente alcançarmos o almejado posto de rainhas e termos todos os olhares voltados para nós. E eu me pergunto se é sem perceber que somos coroadas rainhas. Rainhas de Dionísio, bacantes pós-modernas.
Talvez sem nos darmos conta, estamos voltando no tempo e nos moldando mais uma vez ao papel há muito esperado por nós por aqueles dominadores do passado (passado?). Já que, enquanto nos consideramos as “caçadoras”, as dominadoras, continuamos sendo, como nossas antepassadas, um mero objeto do desejo e do prazer masculino, mesmo que indiretamente, já que são os gostos deles que ditam as regras.
Mas, quem vai entender as mulheres?